sexta-feira, 10 de junho de 2016




Na manhã outonal do dia 02 de junho de 1976, nascia Alexandre Daniel.  Mas..Ficou pouco.
Partiu aos 20 anos. 
Artista sensível, de alma delicada, deixou alguns traços do seu breve tempo, sim...Vestígios. 




"Receba, vida,
As minhas cinzas.
Nelas, te devolvo o tépido afago
Com que calidamente me soprou no peito
As ilusões que cultivei e não vingou.

Hoje te devolvo os beijos escaldantes,
As carícias ardentes de paixões em chamas,
Porque agora só me restam marcas,
Vestígios do afago que ardeu em mim.

Agradecido te parabenizo,
Pela enérgica conduta e vigorosa competência
Com que tolheste todos os meus sonhos,
Brancos, azuis, róseos, dourados
Conduzindo os passos do meu ego
Por veredas desertas.

Receba, vida,
As minhas cinzas.
Vestígios,apenas...
Cinzas."







 
Quero agradecer por sua visita e dizer que de algum modo você agora faz parte desse canto.
Obrigada por ter tornado isso possível. 
 
Abraços! 
 
Sônia
Búzios, dia 10 de junho de 2016.


Quem sou eu.

Uma mulher com um cotidiano comum e uma existência simples, porém vivenciando fortes experiências na intensa busca por um sentido maior para existir. Aventurando-se nesta jornada incansável, procura os vestígios de algo que sequer é capaz de definir, à semelhança do almiscareiro do Himalaia. 
Sabe-se que o almíscar é uma substância valiosa, extremamente aromática, contida em uma bolsa sob a pele do abdômen do almiscareiro macho, que habita os elevados picos do Himalaia.
Quando o almiscareiro alcança certa idade, o odor penetrante do almíscar começa a exalar dessa bolsa. O almiscareiro, então, fica excitado com o aroma delicioso e passa a pular para lá e para cá, farejando sob as árvores e furnas, buscando em toda parte - às vezes por muitas semanas - a fonte da persistente fragrância.

Incapaz de localizar o perfume sedutor, ele se torna extremamente inquieto e, em seguida, irritado. Em sua agitação e num esforço último e desesperado de encontrar a fonte da essência enlouquecedora, sabe-se de casos em que o almiscareiro acaba saltando dos altos picos alcantilados e caindo para a morte no vale que se estende abaixo. Os caçadores, assim, achando os cadáveres, cortam a almejada bolsa de almíscar.

 Vagando inquieta pelos vales noturnos, por vezes ouço um longínquo canto.


"Um bardo iluminado cantou certa vez:

"Ó tolo almiscareiro... Buscaste a fragrância em toda parte, exceto em teu próprio corpo. Eis porque não a encontraste. Se pelo menos tivesses voltado tua busca para ti mesmo, terias encontrado o almíscar almejado e terias salvo a ti mesmo da morte sobre as rochas abaixo das montanhas."

A maior parte das pessoas comporta-se como o almiscareiro. Buscam a felicidade elusiva, sempre fragrante, por toda parte, fora delas próprias: nos divertimentos, nas tentações, no amor humano e nos caminhos escorregadios da riqueza e da fama.

E quando, finalmente, não podem achar a verdadeira felicidade, cuja fonte jaz oculta nos recônditos secretos de suas próprias almas, pulam dos picos alcantilados das esperanças elevadas e despedaçam-se nas pedras da desilusão.

Ó tolo almiscareiro humano...

Se pelo menos voltasses tua mente para dentro, na meditação diária profunda, acharias a fonte de toda verdadeira e duradoura felicidade no silêncio mais recôndito de tua própria alma.

Bem-amado que estás à procura da felicidade: não sejas como o almiscareiro, perecendo na vã busca exterior.

Desperta!

E, na caverna da meditação profunda, encontra a felicidade eterna dentro de teu imortal Ser."


Paramahansa Yogananda

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